23 de dezembro de 2009

Chonga Mandinga - Programação

8/Jan/2010 - Casa da Cultura do Alto-Maé
9-10hs: Inscrições
10-11hs: Abertura (apresentações, conversa)
11-13hs: Aula de Contstruçao de Berimbaus
13-15hs: Almoço
15-17hs: Espetáculo Cultural, o Xitende
18-20hs: Orquestra Nzinga de Berimbaus + Roda de Abertura

9/Jan/2010 - Escola Industrial 1 de Maio
10-12 - Treino de Movimentos
12-13 - Almoço
13-15 - Treino de Instrumentos
15-16 - Palestra/Debate: o papel de Moçambique na Capoeira

10/Jan/2010 - Escola Industrial 1 de Maio
10-12 - Treino Ritmos
12-13 - Almoço
13-15 - Treino Movimentos
15-16 - Treinos diversos/conversa
16-19 - Roda de Encerramento
20-?? - Festa de Encerramento

O evento tem um custo simbólico de Mt 100. Quem quiser a camiseta do evento, basta aumentar cinquenta paus, pagando Mt 150. O dinheiro é tão somente para os participantes valorizarem a capoeira e as atividades. Porém, ninguém deve deixar de participar por falta de taco. Quem tiver problemas, contacte Limaverde pelo + 258 826752934.

Durante as oficinas de construção de instrumentos, cada participante pode levar o seu berimbau ao final, pagando apenas o valor de custo dos materiais.

Para inscrições, favor preencher esta ficha.

Muito obrigado, ngunzo e até logo!


21 de dezembro de 2009

Chonga Mandinga - Noss@s mestr@s em Maputo!


Camaradas,
Nossos mestres estão a caminho! Venham compartilhar conosco este momento. O evento será nos dias 8, 9 e 10 de Janeiro/2010, na Escola Industrial e na Casa da Cultura do Alto-Maé.
Mais informações em breve. Até lá!


10 de dezembro de 2009

Preparem-se: o povo vem aí

Uma delegação de seis pessoas está a vir conhecer o Nzinga Maputo. @s três mestr@s do Nzinga, e mais três treineis de Sampa.
Chegam pelo dia 5 de Janeiro e voltam pelo dia 17. Vai ser bom demais. Para os interessados, haverá um evento de três dias pra celebrar a vinda do povo. Até lá!!

Palavra do Mês: Chonga

Chonga é simples: beleza. O belo. O belo, o justo, o bom, como diria Platão. O bonito, aquilo que alegra os olhos e as mentes. Usa-se por exemplo uchunguili pra dizer que alguém é bonit@.
`A toa não foi: chonga foi a palavra sugerida pelos nzingaueiros para representar o nosso primeiro evento com os mestres e treinéis do Brasil. Vai chamar “Chinga Mandinga”. Linda mandinga! Solta a mandinga!

24 de novembro de 2009

mestre Angolinha em Sampa!


Maravilha de evento com mestre angolinha em Sampa. Solta a mandinga! Salve Mestre Angolinha!

A Historia do Berimbau



Lendas do Berimbau. Uma mais linda que a outra. Vamos colocando aqui as que já foram registradas. Essa chama-se Hungu, que é o nome do instrumento pelas bandas de Angola. Também chamam de urucungu, ou m'bolumbumba. Aqui em Moçambique, o berimbau tem nome de Xitende. Bom, é verdade que não é assim a meeeesma coisa, pois o Xitende tem a cabaça ao meio, e não precisa de dobrão para ser tocado. Mas com certeza é um avô ou primo mais velho do Berimbau.

11 de novembro de 2009

Visita a Sério!

Na nossa roda de Outubro, o Grupo Mando dos Palmares compareceu em massa no Nzinga. A roda foi cheia de ngunzo e animou um tanto!

Depois da roda, conversamos um pouco sobre a capoeira, sobre o dilema jogador de capoeira vs. capoeirista, e da importância do respeito à linhagem. Respeito, por sinal, foi que não faltou. Tenho certeza que todos saíram mais felizes do que entraram!

6 de novembro de 2009

duas ladainhas de Pastinha...

... pra quem andou lendo os últimos posts:



“Eu sou como a aranha,
Que tece sua teia pra sobreviver
Não tenho nada contra ninguém
Apenas teço a minha teia.”

“Você diz que sabe tudo
Lagartixa sabe mais
Ela sobe na parede
Coisa que você não faz, camará…”

Solta o verbo, pá!

Ilustríssimos senhores visitantes! Temos visto que pessoas ao redor do mundo visitam-nos aqui no blog. Muita gente do Brasil, dos Estado Unidos, da Alemanha, de Angola, México, Noruega e Polônia! O mapinha ao lado conta tudo.

Pois, já é um prazer inenarrável tê-los por perto, saber que alguém de jeito ou outro nos acompanha. Mas lhes pergunto: porque não deixam o ar da graça? Comentem, digam o que acharam, participem, critiquem! Assim podemos jogar aquele verdadeiro jogo de Angola: o do diálogo, de perguntas e respostas, de conversa e troca.

Reflexões sobre a federalização da capoeira na África Austral

Recentemente, tivemos a visita do mestre de uma grande federação de capoeira do Brasil. Com a passagem do mestre, houve um festival de graduações. Alunos viraram monitores, monitores viraram instrutores e assim vai. Até contramestre houve. Dois grupos em Moçambique, dois na África do Sul e um no Zimbabwe federaram-se recentemente a esta organização, na esperança de terem uma referência a adotar.

Três coisas não saem da minha cabeça quando penso nesse novo fenómeno da federalização da capoeira por aqui. Primeiro, me lembro dos meus mestres, e das diversas histórias que tive a chance de ouvir e aprender deles. Por exemplo, el@s contavam como era ser aluno do Mestre Moraes, de como se aprende até nas gotículas de suor que o corpo transpira. E de como somente depois de bons 20 anos desse aprendizado na capoeira é que alguém consegue segurar a mandinga de ser contramestre. E haja mandinga, porque ser considerado mestre (ou contramestre) não é o objetivo final. Antes pelo contrário, trata-se do início. Início da sua verdadeira responsabilidade com a capoeira, da sua verdadeira batalha pelos valores e fundamentos que dela emanam.


Segundo, eu me lembro da célebre frase do Mestre João Pequeno, quando foi perguntado o que faz um mestre de capoeira: “quem faz o mestre são os alunos!” (pra quem não sabe dessa história, vale a pena ler este post do treinel Haroldo, do Nzinga, no seu Blog do Treinéu). Ora, como o meu mestre pode ser meu mestre se não foi eu que o formei? Se não fui eu quem escolhi e ajudei a desenvolver suas filosofias, seus pensamentos? Como eu posso comer o fruto sem ter plantado a árvore?


Terceiro, penso em árvores, frutos e sementes. Vamos pensar nessa metáfora onde os grupos de capoeira são árvores que dão frutos. O Nzinga Maputo, por exemplo, é um fruto da árvore que é o Nzinga. Quando falamos de federações a coisa fica ainda mais complicada: se eu sou federado a um conjunto de grupos de capoeira, e tenho nesse conjunto a minha referência, meu guia; então de que árvore é que sou fruto? De nenhuma… Ou melhor, de um conjunto de árvores, cujos frutos podem ser cocos, goiabas ou cajus. Há um sério problema de identidade, de família, de reconhecimento aí. Não sou fruto de uma árvore, mas de um conjunto de árvores… Mas afinal, sou coco, caju ou goiaba? Aiaiai complicado né? Pois, é essa complicação que muitos grupos da África Austral escolheram pra si.


De certa forma, é compreensível: em Moçambique não vive nenhum mestre de capoeira, e os grupos todos (ver este post sobre os grupos de Maputo) batalham pra encontrar alguma referência. Assim, cada vez que vem um mestre, os grupos todos vão aos workshops pra aprender. Compreensível, sim… Mas preocupante também. Afinal, grande parte do aprendizado da capoeira é a compreensão do respeito pelos fundamentos, a continuidade de uma certa linhagem. Se todos os capoeiristas se alimentassem de qualquer mestre que aparece perto deles, a capoeira simplesmente perderia o sentido. Trocaríamos a diversidade tão rica e deliciosa desta arte por uma homogeneização aos moldes de wall-mart. Assustador, não? Pois, de certa forma ando assustado pois parece que é isso é o que está acontecendo por aqui. A tal federação cujo mestre esteve cá já conseguiu angariar pelo menos cinco grupos da África Austral, e tem planos pra ir mais longe. Se pudermos ao menos pensar sobre estes aspectos, estaremos já contribuindo pra salvar a capoeira desse processo grotesco.

5 de novembro de 2009

Apresentação na Escola Americana

Tá certo que a apresentação aconteceu há quase um ano. Mas há pouco apanhei de novo as fotos que andavam perdidas nos alfarrábios virtuais que a gente acumula. Então vale mostrar como foi.
O contexto: todo ano a Escola Americana (e acho que as escolas internacionais como um todo) promove uma semana em homenagem ao multiculturalismo e ao multinacionalismo. Como os alunos vêm dos mais variados países, é importante essa homenagem às diferenças e semelhanças que tem no mundo. Trata-se de uma semana muito divertida, cheia de atividades e eventos. No última dia, os pais e mães de alunos se esforçam pra lembrar as velhas receitas da vovó, e preparar um prato típico do seu país. Orgia gostosa.
No ano passado, o Nzinga Maputo foi convidado para apresentar na semana internacional, representando o Brasil. Entre uma dança do ventre (da Índia) e um grupo super legal de Hip-hop-Marrabenta (Moçambique), fizemos a nossa apresentação.
Começamos com alguns números da orquestra, incluindo músicas como Tiene Pamodzi, Manda Lecô e Sim sim sim, não não não. As crianças da escola primária se empolgaram e o coro foi aquela alegria que qualquer bateria adora sentir. Depois, aproveitando a empolgação, fizemos umas aleotrias e uns movimentinhos básicos: meia-lua, au, negativa… Foi riqueza pura. Os alunos do Nzinga também felizes à vera de poder interagir com uma realidade tão distinta da deles (note-se que Escola Americana serve principalmente filhos diplomatas e exatriados vivendo em Maputo, sendo uma das mais caras do país). E mandamos bem! Agradecemos sobremaneira a companhia da FICA-Moçambique, que não podia perder esta oportunidade.

Veja as fotos na barra lateral.

29 de outubro de 2009

Poloca na Polonia!

… Ou Polônia no Poloca? Bom, vamos ver quando nosso mestre voltar. O que importa no momento é que ele estará pegando o fim de verão naquelas terras do Leste Europeu. Tecendo redes, ensinando a capoeira e a vida. Poloquinha nós daqui te mandamos todo o ngunzo.

Por um triz a gente não inventa uma escala no seu voo estrategicamente em Moçambique! Mas deixa, que chance não vai faltar.


O pessoal do Grupo Capoeira Angola Warszawa (Capoeira Angola Varsóvia) convidou o mestre e organizou o evento. Pros sortudos que por lá estiverem, compareçam. E se liguem!

México canta Moçambique



Parece que a música Tiene Pamodzi tem mesmo muito o que dizer. O pessoal do Nzinga México já adotou a versão deles, e estão mandando ver. Nessa gravação, canta a Manô, treinel do Nzinga.

Menina quem foi sua Mestra?

Quem não estiver em Salvador vai perder! Olha só esse evento, promovido pelo Nzinga em parceria com a Fundação Pierre Verger, focando na liderança feminina em grupos de capoeira. Mestras do Brasil todo estarão por lá. Nós aqui do Nzinga Maputo somos do grupo dos que vão perder, só por causa de um Oceano? Mas estaremos lá de alguma forma. Todo sucesso pras meninas com mestras!

14 de outubro de 2009

mais sobre Tiene Pamodzi


Essa música, diz-se, é um símbolo da luta de libertação de Moçambique. Os companheiros recém-treinados militarmente na Tanzania, vieram ao Sul ajudar os camaradas da FRELIMO na luta de libertação contra o colonialismo português. Alguns até dizem que na realidade a origem dessa música fica mesmo nas terras de Nyerere.
Pra quem não sabe, as ex-colônias portuguesas em África foram as últimas a conseguir conquistar sua independência, enquanto o governo português gastava os tubos nas guerras pra segurar o “poder” que tinham sobre as colónias. Eram os Portugueses contra os Angolanos, Moçambicanos, Cabo-Verdianos e tal, tudo ao mesmo tempo. E também contra o mundo em geral, que já não aceitava essa idéia do colonialismo (ora, os Ingleses e os Franceses abriram mão das suas colónias bem antes).
A tradução literal é difícil pois gera polémica. Mas a mensagem que existe ali é que todos juntos somos fortes e venceremos. Então vamos nos unir, devagar e sempre, e vencer. Outros dizem que a música tem um caráter mais bélico, onde wintimba umozi estaria para “destruir o inimigo” ou algo por aí.
A letra é mais ou menos assim (foneticamente):

Tiene pamodzi wintimba umozi
Tiene pamodzi wintimba umozi (coro)
Oh-oh Lembá!
Oh Lemba oh! Tiene pamodzi wintiba umozi (coro)

Você conhece essa música? Sabe mais sobre a sua origem ou história? Compartilha com a gente!

Palavra do mês: Famba


Famba... Vamos! Vai, vou, vamos pra frente. Aifambi, aifambili são variações deste verbo que tem tudo a ver com a vida. Continuar em frente, matar o leão do dia a cada ou simplesmente seguir o caminho. Tem também o buia, que é vem. Buia aleno, venha cá. Você que está lendo isso, buia aleno! Vem jogá mais eu.

11 de setembro de 2009

Tiene Pamodzi

Música que fez parte da luta de libertação nacional Moçambicana, agora faz parte também da Capoeira. Filmada durante a visita do Sr. Ed Powe.



26 de agosto de 2009

Palavra do Mês: Makwezu

Makwezu (Makuezu, Makuero): irmão/irmã. Simples assim. Aquel@ camarada, jaga, malungo, brother e tal. Aquela pessoa que faz tanto parte da sua vida. Faz até lembrar aquele corrido:

“Camarada o que é meu?
É meu irmão!
Meu irmão do coração,
É meu irmão!”

18 de agosto de 2009

chegando no Magoanine

Magoanine é um bairro periférico da cidade de Maputo, a cerca de 1 hora de chapa (transporte público mais comum de Moçambique) do centro. Por iniciativa do Tiene, um dos alunos do Nzinga, iniciamos um trabalho nesse bairro, na escola Primária Completa do Magoanine.

Primeiro tivemos diversas reuniões com a diretoria da escola e há umas duas semanas fomos apresentar o trabalho. Quinze nzingueiros estiveram na Escola do Magoanine, apresentamos um pouco da Orquestra de Berimbaus e um pouco do que fazemos nos treinos. Convidamos os alunos da escola a participarem das atividades, que ocorrem todos os sábados e domingos após o almoço.
Já estamos no terceiro ou quarto treino com o pessoal de lá. O responsável pelo trabalho é o Tiene, com minha orientação e ajuda dos demais alunos do Nzinga. Mais de 50 crianças apareceram no primeiro treino, o que quase deixou Tiene de cabelos em pé!

No Nzinga estamos muito felizes com esse trabalho. Para além de dar oportunidade a crianças menos privilegiadas de treinar capoeira; a iniciativa tomada pelo Tiene é um grande resultado da forma como cuidamos do nosso grupo: tendo como base a responsabilidade, autonomia, iniciativa e respeito. Parece que nossa sementinha de capoeira está brotando com força. Fotos em breve.

9 de agosto de 2009

Quem sabe faz ao vivo

Olha que espetáculo faz o Bob McFerrin com um público de neurocientistas... A Manô, que é cineasta e treinel do Grupo Nzinga em São Paulo enviou hoje para os nzingueiros do mundo essa preciosidade. Quem sabe, sabe, né?

1 ano de Nzinga Maputo

Comemoramos no dia 30 de Agosto o primeiro ano do Nzinga em Maputo. Gahamos um grande presented a comunidade capoerística de Maputo: todos compareceram na nossa roda gostosa, divertida e cheia de ngunzo.

Os alunos do Nzinga chegaram horas antes, preparando o espaço, os instrumentos. Se preocuparam totalmente com a organização da roda e a recepção dos convidados. Muitos pais dos alunos estiveram presentes, prestigiando muito a comemoração.


Também estiveram presentes vários grupos de capoeira de Maputo: FICA, Mar Azul, Mando dos Palmares, Capoeira Brasil, Capoeira Angola Palmares, Libertação, entre outros (saiba mais sobre os grupos de Capoeira Maputenses).


Ao final da roda, um pouco de samba e maheu pra comemorar. Quem não sabe o que é maheu vai descobrir em breve aqui nesse blog. Uma dica: vocês não sabem o que estão perdendo!


Agradecemos aos mestres de hoje e sempre (que certamente estiveram lá observando), e a todos que vieram e contribuiram para uma roda bonita.
Veja as fotos aqui ou na barra lateral!

Ilustre visitante

Um pouco antes de completarmos nosso primeiro ano de vida em Maputo, tivemos a ilustre visita do Sr. Edward Powe, que foi aluno de Mestre Pastinha! Ele está constantemente em viagem, estudando as artes marciais negras. Uma importante parte da sua pesquisa é baseada na capoeira, nas artes que provavelmente deram origem a ela, e em artes paralelas.

Segundo ele, boa parte das artes marciais encontradas aqui em África Austral, tiveram sua origem numa arte macial muito praticada pelos Macuas (um povo da região Norte de Moçambique). Porém, ao visitar a terra dos Macua, ele infelismente não encontrou vestígios dessa arte marcial primordial: “foi tudo destruido pela guerra”, disse. Saiba mais sobre as andanças do Sr. Edward em sua fundação ou em sua editora.

Como parte da pesquisa, ele está fazendo um levantamento dos grupos de capoeira em Moçambique, e veio hoje entrevistar o Nzinga. Para além de colher informações, ele também deu um “cheirinho” das coisas que aprendeu com o Mestre. Ele leu, por exemplo, uma entrvista que realizou com Pastinha á pelo idos dos anos 60. Para nos, foi uma chance de observar bastante, e compreender as diferenças e semelhanças que a linhagem pastiniana gerou.

É emocionante ouvir as palavras desse aluno de Mestre Pastinha. Mais emocionante ainda é ter ouvido já essas mesmas palavras (algumas coisas igualzinho mesmo!), muitas e muitas vezes, dos nossos mestres. A verdadeira linhagem se revelnado ali, naquele momento. É a chama da capoeira!

27 de julho de 2009

Palavra do Mês: Kanimambo

Inicia-se hoje a série Palavra do Mês. A idéia é escolher a dedo palavras em línguas locais Moçambicanas e explicar um pouco seu significado.

A princípio, palavras em Changane e Ronga (línguas do Sul do país) devem ganhar um pouco mais de destaque, por serem estas as línguas mais ouvidas aqui em Maputo. Que me perdoem desde já os lingüistas: quero apenas compartilhar impressões de quem só conhece tais palavras pela exposição a elas nas veias da cidade. Às pessoas que quiserem ler um pouco mais sobre as línguas moçambicanas, recomendo o site do Instituto Nacional de Estatística. Vamos a isso!

Kanimambo
É a força do agradecimento; obrigad@.
Ainda não consegui saber de que língua vem essa palavra, tantas que são as hipóteses. O que sei é que como poucas, essa palavra se fala e compreende em todo o país.
Ao dar bom dia a uma pessoa na rua, é comum ouvir: "bom dia, kanimambo!", um agradecimento pelo bom dia recebido. Riquíssimo!

Essa palavra foi escolhida. Tinha que ser a primeira, pois um dos sentimentos muito presentes na capoeira é o de agradecimento. Agradecimento aos mestres, às referências, ao saber aprendido, ao saber ensinado. Agradecimento à genealogia de pessoas que, dedicando a vida pela capoeira, oferecem-na a nós. Kanimambo!

Mulheres ganhando a luta contra a violência

Recentemente em Moçambique foi aprovada "por concenso e aclamação" a lei sobre a violência doméstica contra mulheres e crianças. A aprovação da Lei marcou o final da 10a. sessão ordinária da Assembléia da República da presente legislatura (a terceira desde que o país adotou o multipartidarismo). Leia mais aqui.

Há quase dois anos, no Brasil, foi Aprovada a Lei no. 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha. O conteúdo das duas leis, reforçando a pena para agressores e permitindo que terceiros dêem parte em casos de violência doméstica, parece bastante semelhante. Também semelhantes foram algumas reações, clamando que a violência doméstica não atinge somente as mulheres, mas também homens; e que apesar disto, as leis não garantem o mesmo nível de proteção para os homens.

De acordo com Graça Samo, presidente do Fórum Mulher, uma organização respeitada por sua luta pró-igualdade de gênero, "uma lei não se aprova de um dia para outro. Por isso, vamos continuar a lutar para melhorar os direitos das mulheres".

Quem mora em Moçambique, sabe da importância desta lei. Vamos colaborar com a luta de tantas mulheres, dando a conhecer a lei e suas consequências.

O sábio capoeirista também há de fazer da capoeira um instrumento de um mundo mais justo e igual. Todos conhecem aquela frase do saudoso mestre Pastinha:

"Capoeira é pra homem, menino e mulher; só não aprende quem não quer."

20 de julho de 2009

O berimbau, segundo Baden Powell

Ouve-se que o nome "berimbau" foi uma transformação do nome "biriba", e que portanto a madeira dá nome ao instrumento. Quem já ouviu a música Berimbau, do Baden Powel e Vinícius de Moraes, pensa diferente...





O nome vem do próprio som do instrumento. tch-tch-tom-dim vira be-rim-bau. Que legal. Salve Baden!

19 de julho de 2009

Clip do Nzinga



Um cheirinho das coisas que o Nzinga faz, baseado em faixas do CD Grupo Nzinga - Capoeira Angola. Atenção às aleotrias do Poloca no final. Quebra!

14 de julho de 2009

Nzinga 14 anos

Como parte das comemorações dos 14 aninhos do grupo Nzinga, houve um grande evento em Sampa, que juntou os três mestres de uma só vez. Haja dendê!


Também pudera: Sampa abriga o primeira sementinha do Nzinga, quando a Mestra Janja veio à cidade para fazer o seu mestrado acadêmico. Pouco depois, chegaram Poloca e Paulinha pra consolidar de vez a coisa. Desde 2005, porém, todos eles retornaram a Salvador, e curtem os ventos soteropolitanos.

Mas a semente vingou: o Nzinga em Sampa tem um trabalho social consolidado na região da Vila Sônia; e núcleos em Pinheiros e Tucuruvi. Para além dos demais núcleos, que serão apresentados "pouco-pouco", como dizem os moçambicanos.

Muitas felicidades, muitos anos de vida! Olha só a programação que rolou em Sampa:

Mestra Janja na Alemanha













A Mestra Janja em Marburg, na Alemanha, ensinando de tudo um muito pro pessoal do grupo Nzinga de lá. Salve pessoal daí! Uma saudade danada.

E pros de cá, é juntar o ngunzo pra Mestra chegar aqui, nas beiras do Índico.

11 de julho de 2009

Nzingueiros Maputenses

Primeiro, os primeiros passos... (da esq. p/ dir.) Fernandinho, Zé, Vuga, Mitó, Idelson, Dinha, Otávio, Agnelo (sentado).

E toca a andar! Seguindo o caminho...

Aloiso, Nil, Alberto, Zafanias, Sofia, Dinha, Junior, Arlindo, Mitó, Idelson, Vuga, Otávio e eu.

Ao fundo, nosso baobab, que nunca falta em um núcleo do Nzinga. Esse foi rabiscado pelo Zafanias, e está (sempre) em processo de construção!

Os grupos de Maputo

Como é de se esperar, a maioria esmagadora dos grupos de capoeira em Maputo é de capoeira regional. No restante do país, até onde eu saiba, a capoeira regional é a única conhecida.

Os guerreiros angoleiros estão em três grupos: no Nzinga (é nóis!), na FICA-Moçambique (orientado pelo Mestre Jurandir, coordenado pelo Isaac e pelo Dunguinha) e no Grupo Mar Azul (orientado pelo Mestre Joãozinho da Figueira e coordenado por Antonio, Saci e Saló).

Dos regionais, aí vai uma lista tentativa e inacabada:

- Ginga de Maputo (Mestra Marina, hoje associado à FCERJ - Mestre Bogado)
- Arte Viva (Prof. Santos)
- Mando dos Palmares (associado à FCERJ)
- Capoeira Brasil (Mestre Cabeça, coordenação Graduada Moçambique)
- Grupo de Capoeira Angola Palmares (Mestre Polegar, coordenado por Ivandro)
- Folha Verde
- Gunga de Angola
- Céu Limpo
- Libertação
- Cabaça Dourada
- Noite & Luar

Oficiais e clandestinos

Maputo reúne a maior concentração de capoeiristas de Moçambique. Alguns coletivos de capoeira são conhecidos em outras províncias (cidades de Inhambane, Quelimane e Nampula, por exemplo) mas o grosso mesmo está aqui na capital.

Os grupos estão divididos em duas grandes categorias: os :"oficiais" e os "clandestinos". Não faço idéia de quem começou essa enfadonha classificação, mas eu sei que pegou: membros dos tais grupos clandestinos já chegaram a se apresentar no estilo: "olá, eu sou fulano, do grupo X, um grupo clandestino do aeroporto".

Pelo que pude entender, os grupos "oficiais" são aqueles mais estabelecidos, que de uma forma ou de outra têm referências diretas com mestres ou capoeiristas brasileiros. Já os "clandestinos" são geralmente dissidências dos oficiais, e se encontram nas áreas periféricas da cidade.

2 de julho de 2009

Capoeira em Maputo - gênese

Conta-se que tudo começou com a Mestra Marina, que iniciou um grupo na cidade, então chamado Beleza de Maputo. Há uns dois meses, tive a oportunidade de participar nos festejos de 10 anos desse grupo (há muito rebatizado) Ginga de Maputo.

A roda solene aconteceu no INEF - Instituto Nacional de Educação Física, que foi o primeiro local de treinos do Ginga. Depois de rodar outros espaços da cidade, incluindo uma sala no Hospital Central, o grupo retornou à casa, estando há um bom tempo baseado no INEF novamente.

O evento foi muito especial, pois marcou o retorno da Mestra Marina ao mundo da capoeira. Ela encontrava-se afastada do seu grupo e dos capoeiristas. Foi emocionante ver e ouvir as sábias palavras daquela que plantou a primeira semente da capoeira por aqui. E foi emocionante ver o carinho com que os atuais líderes do grupo tratavam-na, sempre numa atitude de respeito, reverência e agradecimento.

Biriba é pau pra fazer berimbau

Berimbaus de biriba (principalmente aqueles que foram feitos e casados por nossos mais velhos) são os berimbaus por excelência.

Para entender a complexidade da relação berimbau-biriba, basta imaginar uma outra madeira qualquer que, feita em berimbau, produza um som perfeito assim como o canto das sereias, daqueles de atrair os ouvidos mais treinados. Imaginou? Pronto. Agora coloque, ao lado desse berimbau de madeira imaginária, um berimbau de biriba. O melhor destes dois berimbaus, pode ter certeza, é o de biriba. Pois é na biriba que foi escrita, de certa forma, a história da capoeira. Um berimbau de biriba vai sempre ser o melhor berimbau.

Em tempo: biriba é uma madeira antes abundante na região nordeste do Brasil, que se encontra em extinção. Principal motivo? Uns dizem ser que a maioria dos cabos de vassoura rústica, muito vendidas na região, são feitas de biriba. Outros dizem ser a produção desenfreada de berimbaus, que em sua maioria é exportada. Um fabricante de berimbaus do Mercado Modelo (Salvador) uma vez me disse que, por semana, chegava a produzir mais de 500 vergas. Assustador! Mais informações sobre a biriba aqui.

Information about biriba in english
here.

Um presentinho

Esse mes o Nzinga Moçambique faz um ano de vida. Quer dizer, a contar desde lá do começo, da semente e de antes, nem sei dizer quão velhos já somos. Mas do que começamos a fazer juntos como uma comunidade, faz um ano que estamos por cá. Esse blog é, entre outros (até mais gostosos, acredite!) um presente pra o núcleo. Uma forma de nos jogarmos na roda grande da vida e dessa internet mundo afora.